Quem sou eu

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Recife, PE, Brazil
É kinda pretensious dizer que se é artista. Sou menos artista que Bukowski ou Fernando Pessoa. Sou mais artista que Gianechini ou Debora Seco... Somewhere in the middle. Sou atento ao mundo e busco sempre descrevê-lo de alguma forma e com algum tom de lirismo.

domingo, 1 de agosto de 2010

Brigas (aventurando-se em outros estilos)

Gostava de brigas.
Brigar lhe permitia revelar, para a outra e para si mesmo, seu autêntico eu.
Todo o resto que não fosse os gritos e os palavrões de uma briga era mera encenação forçada. Suas palavras sedutoras, seu sorriso à la Richard Gere, seus discursos intelectualizados...
“Acho pretensioso Jodorowski e sua loucura”.
Tudo manifestações supérfluas de sua verdadeira personalidade.
A verdade era que a vida lhe havia reservado frustração atrás de frustração.
Era frustrado por demais em seu dia-a-dia. Mas não o suficiente para que pudesse tacar fogo na pólvora. Então buscava desesperadamente esse resto que lhe faltava.
Atiçava, provocava suas namoradas. Fazia de tudo para tirar delas a razão e abrir assim o espaço para o seu verdadeiro show. O que ele era realmente.
Eu sou isso! Sou esse que grito. Sou esse que te faço chorar.
Aproveitava esses raros momentos de êxtase para compensar cada pequeno ressentimento contido de sua droga de vida.
Gostava das meninas fracas e carentes. Eram essas que agüentavam mais tempo de sofrimento, mais tapas na cara, mais humilhação.
Um dia conheceu uma dessas.
Coitada, como sofreu!
Como ele gozou de sua fragilidade!
Mas ele não contava com o irmão dela mais velho. Que não gostou nada.
Morreu de uma bala na cabeça.
Demorou-se doze dias para que encontrassem o seu corpo.
Alto nível de putrefação.
Finalmente seu autêntico eu.

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