Quando entrei na sala e vi-la se ajeitar abruptamente em sua cadeira, senti que algo mudara para sempre. Eu não sabia ao certo o que me diria, embora pudesse supor. Mas sabia que o que eu criara sobre nós não sobreviveria aos duros golpes da realidade.
- Oi! Me disse ela. E em sua voz sentia-se, ainda assim, seu tom meio morango, meio limão.
Conhecia esse seu tom. Respondi-lhe com um sorriso fraco, piedoso, numa tentativa derradeira de salvar o que eu já sabia perdido.
Sentei-me ao seu lado em silêncio e em silêncio ficamos por um tempo.
Ela me olhava, buscando um convite à fala que, naturalmente, não lhe concedi.
Após alguns instantes, como que exasperada pelo impasse, se deu a falar.
Só lhe permiti algumas palavras: Logo caí em prantos.
Seu ar mudou. Quis me consolar, mesmo sabendo que era praticamente por esta única razão que me permiti ao choro.
Não havia nenhum problema em me humilhar. A luz da tristeza já estava apontada para mim. Nada então poderia me tirar de cena: choraria até o fim.
(Trecho do livro imaginário de Henrique Vieira)
Est-ce que tu pourrais traduire en français? Je ne suis pas certaine de comprendre toutes les subtilités.
ResponderExcluirP.